Não conheço nenhum outro povo apreciador das sutilezas e dos pequenos prazeres da vida como os franceses. Entre os prazeres evidentes, o gosto
pela comida se sobressai em todos os sentidos. A culinária francesa é verdadeiramente saborosa. Os cafés e restaurantes, espalhados por todos os cantos de Paris, tornam-se locais de boa conversa e estimulam a vida noturna.
Foi na França do século XVIII onde surgiu a cultura da refeição, de considerar a hora do alimentar-se mais do que uma mera necessidade. Lá, os restaurantes tinham uma espécie de propriedade terapêutica, restaurando a força dos indivíduos doentes. Os mais sensíveis tornavam pública a sua condição ao comparecerem aos chamados “restauraters rooms”. No final do século, após a Revolução Francesa, os restaurantes passaram a ser vistos com maus olhos, pela hospitalidade demasiadamente correta. O locais públicos para refeições passaram a ser característicos da ganância da aristocracia. Os banquetes da corte real francesa eram grandiosos, caracterizados pela exuberância da manteiga e dos molhos aveludados.
A cultura moderna da refeição foi inventada pelos franceses, em especial pelos parisienses. O restaurante, a partir do século XIX, foi palco da transição da monarquia para a democracia. A literatura gastronômica deu brilho ao que hoje conhecemos como ostras e champanhe. Turistas da mais alta sociedade viajavam até a capital francesa para descobris os segredos dos sofisticados restaurantes. Assim, no final do século XIX, a gastronomia francesa atingiu seu apogeu e espalhou seu requinte pelo resto do mundo.