O poder e os homens

É comum ouvirmos que para conhecer alguém de verdade é só lhe dar poder. Os seres humanos são muito suscetíveis ao poder, basta ver o escândalo

da Petrobras, consequência da operação Lava Jato, da Polícia Federal. Até que ponto a cobiça pode ir? Existirá limite?

A maior empresa da América Latina está em queda acentuada em todos os sentidos, suas ações na Bolsa de Valores, seu prestígio internacional, sua credibilidade, seus ativos, enfim, nada de positivo.

A queda do preço do barril de petróleo tem apenas um lado positivo, o da recuperação de perdas. Como a empresa passou um bom tempo subsidiando o preço dos combustíveis, sem aumentar os valores para o mercado interno, enquanto a cotação só fazia subir no mercado internacional, agora a situação se inverteu. O preço caiu lá fora, mas isso não terá reflexo na bomba do posto, o que está permitindo a recuperação de parte do que foi perdido com o subsídio.

 Mas a espada sobre a Petrobras continua lá. Muita água ainda vai rolar debaixo da ponte das investigações da Polícia Federal sobre a corrupção que se instalou na empresa e que veio à tona a partir da operação Lava Jato, intensificada com a delação premiada de corruptos e corruptores.

Ainda teremos notícias em destaque quando as denúncias dos políticos envolvidos tiverem seu prosseguimento na Justiça. Vários nomes já vazaram na imprensa, mas certamente outros tantos acabarão surgindo.

Além da imperiosa necessidade de investigação e punição dos culpados, quaisquer que sejam eles, há que se pensar no papel dos políticos no país. Sua credibilidade vem se desfazendo como gelo sob temperatura elevada. Como imaginar que haverá a moralização da classe política quando seus principais líderes são denunciados por corrupção?

Como será possível que nasça uma nova classe de políticos que sejam, de fato, servidores públicos, que pensem na sociedade e não em seus umbigos, ou melhor, bolsos?

E como se pode admitir que a presidente da Petrobras continue no cargo quando já ficou mais do que evidente que ela não tem condições de permanecer? Esta resposta é simples, pois ela tem o aval da presidente da República, que tentou tapar o sol com a peneira durante a campanha eleitoral, enquanto seu partido fazia uma das campanhas mais baixas que este país já viu, até que conseguisse seu intento de obter um novo mandato. Dilma passa a mão na cabeça de Graça Foster. Dilma que foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras e autorizou a compra superfaturada da refinaria de Pasadena. A presidente segue seu antecessor, sua postura frente a mais um escândalo e defende seus correligionários e alega que nada sabia sobre o “malfeito”. Malfeito? Corrupção pura e cristalina, das mais alta qualidade, se é que se pode dizer algo assim.

Assim como Lula saiu ileso do escândalo do mensalão, Dilma pretende a mesma coisa com o petrolão. Vamos ver aonde isso acabará.