Dr. Wolf Gruenberg

Wolf nasceu em 1948, pouco depois da Segunda Guerra Mundial, no campo de refugiados de Wolfrathausen, onde seus pais se conheceram. Quando a guerra acabou, era inviável para judeus como eles permanecer na Alemanha.

O casal Gruenberg e o filho de 3 anos, nascido apátrida, cruzaram então o Atlântico para se estabelecer na Bolívia, depois no Brasil. Wolf viveu em Corumbá, no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Porto Alegre.

Aos 18 anos, recebeu a cidadania brasileira.

The Bang Bang Club

Quatro fotógrafos que cobriram o fim do Apartheid, uma história real

The Bang Bang Club, produzido em 2009, parece não ter se encaixado em nenhuma categoria de filmes/verdades. O filme foi baseado em livro homônimo, escrito pelos fotógrafos Greg Marinovich e João Silva, que formavam o clube do título, com Kevin Carter e Ken Oosterbroek. 

A história se passa no final do regime de Apartheid, na África do Sul, nos anos 1990. Nelson Mandela havia sido libertado de um longo período nas prisões da Ilha Robben e de Pollsmoor. Os guetos negros estavam em convulsão, com lutas frequentes entre partidários do Congresso Nacional Africano, de Mandela, e seus rivais do Partido da Liberdade Inkatha. Os quatro fotógrafos capturaram a violenta transição do país em direção ao regime democrático.

Eles arriscaram a vida na linha de frente. Oosterbroek foi mortalmente atingido por fogo amigo em abril de 1994, enquanto cobria um conflito em Thokosa, perto de Johannesburgo. Tinha 31 anos. Carter, o mais sensível e turbulento dos quatro, cometeu suicídio em julho de 1994, ligando o escapamento à cabine de seu carro. Tinha 33 anos.

As imagens dos fotógrafos do Bang Bang Club provocaram polêmica, pela violência crua que revelaram. O filme apresenta de forma crua e verdadeira os conflitos étnicos da África do Sul e os dilemas éticos dos fotógrafos diante da sordidez humana. O roteiro é centrado na história dos dois fotógrafos que ganharam o Prêmio Pulitzer: Marinovich e Carter.

O filme tem o ritmo marcado por sucessivas cenas de ação, reconstituindo as incursões dos fotógrafos nos conflagrados guetos negros sul-africanos. A única cena de evasão dura menos de um minuto e ocorre no meio do filme, quando os fotógrafos e suas companheiras relaxam em um lago encravado nas pedras.

A história começa com uma entrevista radiofônica de Carter, realizada em abril de 1994, após o fotógrafo ter ganhado o Pulitzer, por uma foto feita no Sudão. A entrevistadora pergunta: ¬ ¬“Kevin, o que você acredita que faz uma grande fotografia?” Segue-se um longo silêncio. A resposta vem apenas no final do filme: Carter responde, testando as palavras: “Eu não sei, realmente... você tira a foto e vê o que você obteve... Mas talvez o que torne uma foto excepcional é que ela também questiona, sabe? Não é apenas espetáculo. É mais que isso (...) você sai a campo e vê coisas ruins, horríveis, e você quer fazer algo a respeito. Então, o que você faz é tirar a foto que mostra isso. Mas nem todo mundo vai gostar do que vai ver. É preciso entender que eles podem querer matar o mensageiro”.

Os fotógrafos do Bang Bang Club mostram o que pode ser o trabalho em seu sentido mais profundo de realização, um trabalho que cria algo marcante e provoca impacto social.Vale assistir.
Wolf Grenberg